Além do Vale do Silício
Bem além do polo mais famoso das Big Techs, Ásia, Brasil, Oriente Médio e Europa colam na soberania do Vale
Mesmo com os crescentes debates sobre o fim de sua soberania, o Vale do Silício se mantém sólido como no posto de centro global do ecossistema de inovação. A ascensão de outros hubs pode ser constatada em rankings como o Global Startup Ecosystem, que aponta cidades como Nova York (na vice-liderança, empatada com Londres), Boston (5ª posição) e Pequim (4º lugar) como destinos promissores para investidores e empreendedores. “Em vez de um novo centro ou dois novos centros de empreendedorismo, além do Vale do Silício, existirão 30. Surgirão cada vez mais clusters em lugares diferentes que, mesmo sem a densidade da Bay Area, se tornarão importantes centros da massa crítica”, diz Sam Altman, Y Combinator e OpenAI, no relatório da Global Startup Ecosystem.
Venture capital, seja bem-vindo.
O levante da Ásia
Em pleno ano da covid-19, o continente onde a pandemia começou abriga 30% dos principais polos de inovação atuais – eram 20% em 2012. Dos 11 novos que entraram na lista da Global, seis estão na região do Pacífico, com destaque para Pequim (#4), Xangai (#8), Tóquio (#15) e Seul (#20), endereço das gigantes Samsung e Hyundai. Na China, o cenário é ainda mais acirrado, e o destaque vai para Pequim, Xangai, Shenzhem e Hangzhou, a terra do Alibaba. A capital da Coreia do Sul também observou seu ecossistema despontar graças à combinação de empreendedores talentosos, governo e investidores locais ávidos por garantir grandes oportunidades de crescimento para as startups. Apenas o SMG (Seul Metropolitan Government) se comprometeu a gastar nos próximos três anos US$ 1.6 bilhão para o desenvolvimento do polo tech de Seul. O Japão também vem ocupando uma posição de destaque no cenário de starutps. “Tóquio vai mobilizar todos os esforços para fornecer o suporte necessário para startups globais em expansão e continuará a oferecer oportunidade de acesso a empresas líderes, talentos e tecnologias de ponta”, garante Hisaaki Terasaki, diretor do escritório de estratégia política e ICT da cidade.
Na rota do Oriente Médio
A região abriga a cena israelense, considerada um dos mais consolidados e inovadores polos globais de tecnologia. Entre Tel Aviv e Jerusalém, existe um efervescente ecossistema de startups, corporações e investidores, com destaque para soluções de IA, Big Data, Analytics e Life Sciences. Na área de inteligência artificial, por exemplo, a Mobileye foi comprada pela Intel em 2017 por U$S 15 bilhões. No mundo árabe, Abu Dhabi tem se tornado conhecida pelos incentivos para atrair startups de diversas partes do mundo. Por lá, o Hub71 opera sob a legislação inglesa e oferece zonas de livre comércio para investidores e empreendedores de outros países. O goal é facilitar acesso ao capital, ao mercado, aos talentos e, não menos importante, ao network.
Velho (novo) mundo
Ancorado pela cena londrina, um dos principais hubs financeiros do mundo, a Europa vem revelando ecossistemas como a Irlanda, que abriga o Boyne Valley, um distrito inteiro voltado a soluções em alimentação. Amsterdã e Estocolmo são outros polos em amplo crescimento. Na #12 posição do Global Startup Ecosystem, a capital da Holanda se revelou como um celeiro de tecnologias logísticas – o país ficou em 1º lugar no Índice de Conectividade Global da DHL. Em Estocolmo, o campeão local é o Spotify, que captou US$ 26,6 bilhões em seu IPO.
No Brasil
Apesar do grande volume de negócios concentrado em São Paulo (que ocupa a posição #30 do ranking), o cenário local vem revelando um celeiro de hubs de inovação de classe internacional. É o caso do Porto Digital, em Pernambuco, do San Pedro Valley, em Belo Horizonte, e da comunidade de startups de Santa Catarina. Em um cenário ainda bastante orientado pelo foco vasto no público interno e nos modelos B2B, as startups brasileiras vêm sendo alavancadas pelo aumento de volume de investimentos, pelo surgimento de novos hubs de inovação, e pela visibilidade de unicórnios como Nubank, Movile e QuintoAndar.