“É preciso enxergar além do nosso próprio produto e perceber como os objetivos também são oportunidades de negócio”, afirma diretor da Treta Park
Talvez a questão mais importante no planeta, desde que o ser humano se sedentarizou, é a nossa alimentação, principalmente, quando a sobrevivência era latente em nossa pele. Com o tempo, as transformações, desenvolvimento tecnológico e povoamento de civilizações no mundo fez com que parte dele mudasse pelo impacto antropológico.
A agricultura se tornou o principal elemento para que isso acontecesse. Graças a ela e a pecuária, deixamos a vida nômade e pudemos experenciar o crescimento em conjunto. Água, alimentos e animais passaram a ser cruciais para garantir essa segurança e, ao mesmo tempo, passamos a transformar a própria natureza em nosso em torno.
Hoje, graças ao impacto da indústria nos últimos séculos, a agricultura e pecuária se tornaram um dos principais motivos de impacto ecológico. O montante de terras de monocultura, para pasto e produção em escala industrial acabaram com a nutrição de diversas áreas, desmatamento e problemas até relacionados ao gás carbônico em nossa atmosfera.
Nesse sentido, quando falamos de futuro de alimentos, precisamos entender que a escala produtiva precisa continuar sendo global, mas não há mais espaços para acabar com o meio-ambiente, como estão fazendo há anos. Será necessário, então, garantir uma produção maior, com um quadro em que temos que lidar com a limitação do desgaste de terras.
Este tema foi assunto durante um painel na terceira edição do Agro Day, no Learning Village. Luis Kuhl, diretor da Treta Park, fez declarações frente a este problema. O diretor apresentou uma pesquisa de sua empresa que aponta que poucas pessoas entendem que a produção de proteína animal impacta diretamente em problemas socioambientais.
Por isso, Luis destacou o quanto a agenda ESG pode ser também um norteador de novos modelos de negócios, gerando outros tipos de benefícios para as próprias empresas de alimento.
“Olhando para a nossa organização e enxergando campos de desenvolvimento, percebemos que o investimento em proteína que não é animal é benéfico ao meio-ambiente e, principalmente, uma oportunidade de estar no mercado em uma frente diferente”.
E a Tetra Park tem construído um futuro além das embalagens e equipamentos industriais. Os produtos veganos estão sendo inseridos no mercado e têm se mostrado rentáveis para os investidores, ao mesmo tempo em que atendem uma demanda mundial de cuidado com o planeta.
No Brasil, segundo a ONU, mais de 80% do desmatamento, entre 1990 e 2005, aconteceu por conta do consumo de carne e produção de soja. Além disso, mais da metade da proteína utilizada nestas produções em larga escala são para ração. Com o tempo, o número de pessoas no mundo crescerá e a conta não vai fechar.
Ao mesmo tempo, este tipo de angústia também gerou novos horizontes de pesquisa. Estamos presenciando um momento em que as mudanças tecnológicas ajudam na criação de comidas 3D. Você já imaginou um tomate que também ajude em problemas de hipertensão, por exemplo? É essa a preocupação: poder unir benefícios de saúde a um alimento que ainda não tenha essa qualidade curativa.
Isso não é uma decisão rápida e simples
Mudar a cultura de uma empresa não é algo simples e muito menos rápido. Há um trabalho de governança em criar diretrizes e fazer toda essa conjuntura chegar a todos os colaboradores presentes na organização. A escolha da empresa foi manter-se como uma “Eterna startup”
“A disrupção, novas tendências e agendas que estão se tornando diretrizes de novos modelos de negócio podem ser entendidas como oportunidades. Entender-nos como uma startup novamente foi enxergar alguns riscos, mas também abrir os olhos para novas oportunidades. É isso que fazemos e buscamos colocar sempre em nossa empresa.”
A Treta Park passou a atuar com um sistema de Venture Capital: a empresa possui startups em seu ecossistema, procurando construir um observatório para novos negócios e absorver aqueles que fazem mais sentidos para seu proveito.
Ao mesmo tempo, internamente atua nessa governança horizontal, de uma maneira em que todos os colaboradores possam participar da inovação e continuar o processo de produção já bastante eficaz.
É ousado e exige tempo. Segundo Kuhl, adotaram o mindset de se tornarem uma startup em continuidade, para se reinventar a todo momento, e conseguir trazer agilidade e inovação para compreender todos os novos aprendizados.