Dia Internacional da Mulher e a Inteligência Artificial e Coletiva
Artigo escrito por Lia Castro, diretora criativa do Núcleo EME, grupo de iniciativas em prol da equidade de gênero, por meio da educação, cultura, pesquisas, eventos e impacto social
“O Dia Internacional da Mulher é celebrado em todo o mundo em 8 de março de cada ano, e tem origens históricas na luta das mulheres por melhores condições de trabalho, igualdade de direitos e sufrágio feminino. A data foi oficializada pela primeira vez em 1910, durante a Segunda Conferência Internacional das Mulheres Socialistas em Copenhague, Dinamarca. Naquela ocasião, foi proposto que o Dia Internacional da Mulher fosse comemorado todos os anos em todos os países, para destacar a luta das mulheres por seus direitos. Mulheres se reuniram para exigir melhores condições de trabalho, direito ao voto e igualdade de gênero”.
Está acompanhando até aqui? Então continua para que você entenda esse textinho inicial.
“Nos últimos 100 anos, as mulheres conquistaram direitos políticos, reprodutivos, civis, assim como conquistaram espaço na educação e no mercado de trabalho. Mas essas conquistas estão longe de serem suficientes, as mulheres (e a sociedade) tem um longo caminho pela frente. Infelizmente, o Brasil ainda enfrenta muitas desigualdades de gênero e violações dos direitos das mulheres, entre as quais podemos destacar:
_Violência doméstica: o Brasil é um dos países com maior incidência de violência doméstica contra mulheres. De acordo com dados do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, em 2020, foram registrados mais de 105 mil casos de violência doméstica no país.
_Salário desigual: as mulheres brasileiras ainda ganham, em média, salários mais baixos do que os homens, mesmo quando exercem a mesma função. De acordo com dados do IBGE, as mulheres ganham, em média, 77,7% do salário dos homens.
_Assédio sexual: o assédio sexual ainda é uma realidade para muitas mulheres brasileiras, seja no trabalho, na rua ou em outros espaços públicos. Segundo pesquisa realizada pelo Datafolha em 2018, 42% das mulheres afirmaram já ter sofrido algum tipo de assédio sexual.
_Baixa representatividade política: as mulheres ainda são minoria na política brasileira. Nas eleições de 2020, por exemplo, apenas 12% dos candidatos a prefeito eram mulheres, e apenas 13% dos eleitos foram mulheres.
Esses são apenas alguns exemplos das desigualdades de gênero e violações dos direitos das mulheres no Brasil. É importante destacar que a luta pela igualdade de gênero e pelos direitos das mulheres é uma tarefa coletiva e que todos devemos trabalhar juntos para construir uma sociedade mais justa e igualitária”.
Você gostou do texto acima? Ele foi feito pelo ChatGPT. E eu decidi fazer isso porque quando pensei em escrever um artigo sobre o Dia Internacional da Mulher, após mais de 6 anos trabalhando com equidade de gênero, me pareceu mais do mesmo, não vi formas de trazer o assunto sem que não caísse na mesmice.
Se você entende o que é uma inteligência artificial, você sabe que as informações que ela nos passa nada mais é do que um compilado de milhões de informações, dados coletados, o que eu humanamente chamo de inteligência coletiva. Mas se tudo isso que ela criou nesse texto é o resultado da inteligência coletiva, se tudo isso já é de conhecimento de todos, o que nos resta para, de fato, arregaçar as mangas em prol da equidade de gênero? Recentemente, gravamos uma entrevista com uma profissional de RH de uma grande empresa, que nos disse que “uma coisa é saber a importância da equidade de gênero nas empresas, saber que isso impacta até mesmo no resultado financeiro da companhia, outra coisa é conseguir fazer com que essa pauta de fato ganhe prioridade, quebre obstáculos de cultura organizacional e de fato seja tratada na mesa da diretoria, como uma pauta de negócio”.
Porque, meus amigos, sinceramente, equidade de gênero se encaixa no “S” de ESG, um dos assuntos mais discutidos ultimamente, mas se ele for visto como ação social, se for visto como um assunto a ser tratado no comitê de diversidade, infelizmente, não teremos prioridade nos negócios e com isso, não teremos equidade de gênero no mercado de trabalho.
E o Dia Internacional da Mulher serve para que a gente reflita como os direitos das mulheres acabam sendo construídos em cascata, ou seja, se ela não tiver igualdade salarial e for demitida após a licença maternidade, ela não vai conseguir chegar em cargos mais altos, o que prejudica a independência financeira, o que acarreta em submissão dentro de casa, sobrecarga mental, violência doméstica e uma família desestruturada para a criança. Não tem como se mobilizar pelo direito da criança ou contra a violência doméstica, sem entender que isso está diretamente ligado à equidade de gênero no mercado de trabalho. Para se ter uma ideia, segundo estudo do Sebrae com a Fundação Getúlio Vargas, apenas 18% das mulheres empreendedoras têm cargos de gerência e apenas 7% ocupam o cargo de CEO.
No mundo das startups, um estudo feito pela Distrito em 2019, mostrou que apenas 15% das startups brasileiras são lideradas por mulheres. Além disso, as startups lideradas por mulheres também têm menos acesso a investimento do que as lideradas por homens.
Então, meu desejo para esse 8 de março é que a inteligência coletiva encontre soluções, ações práticas, para que possamos pensar no direito das mulheres e como isso impactar os negócios e a sociedade todos os dias e não apenas em datas comemorativas, pintadas em amarelo no calendário de mesa.
E, honestamente, a inteligência coletiva já sabe o que precisa fazer. Olha o que o ChatGPT me disse sobre isso:
“As empresas podem desempenhar um papel importante na promoção da equidade de gênero no Brasil. Algumas ações que as empresas podem tomar para ajudar a alcançar esse objetivo incluem:
- Estabelecer políticas de igualdade de gênero: As empresas podem adotar políticas que promovam a igualdade de gênero, incluindo políticas de igualdade salarial, programas de licença parental e políticas anti-assédio.
- Promover a diversidade e inclusão: As empresas podem trabalhar para promover a diversidade e a inclusão em todos os níveis da organização, incluindo a contratação, promoção e formação de equipes diversas.
- Investir em programas de desenvolvimento profissional para mulheres: As empresas podem investir em programas de desenvolvimento profissional para mulheres, como mentorias e treinamentos específicos para as habilidades necessárias para ascensão na carreira.
- Incentivar a participação política: As empresas podem incentivar a participação política de seus funcionários e promover a candidatura de mulheres para cargos políticos, bem como apoiar candidatas em suas comunidades. Realizar e patrocinar ações de conscientização: As empresas podem realizar campanhas de conscientização para destacar a importância da equidade de gênero e combater a discriminação e o assédio sexual no ambiente de trabalho.
Ao adotar essas ações e outras medidas semelhantes, as empresas podem ajudar a criar um ambiente mais igualitário e justo para as mulheres no Brasil e contribuir para a construção de uma sociedade mais equitativa”.
A gente já sabe! Agora, vamos juntxs?
Lia Castro