Rock in Rio Humanorama: como mudar o mundo começando por você?
Humanorama
14 min
1 agosto 2022

Rock in Rio Humanorama: como mudar o mundo começando por você?

Com a missão de ir além do festival de música e materializar o propósito de tornar o mundo um lugar melhor, o Humanorama promoveu dos dias 28 a 31 de julho, no Learning VIllage, encontros improváveis, ampliando conversas e mobilizando ações de impacto social. O evento foi um espaço de aprofundamento dos debates em torno do projeto Por um Mundo Melhor e das narrativas urgentes que surgem a cada edição do Rock in Rio.

O evento aconteceu no on-line e no presencial tendo na segunda modalidade laboratórios, networking guiado, workshops, arenas de debate e mentorias com um animado happy hour ao final de cada dia. E nós trouxemos os highlights dos quatro dias para dar um gostinho do que foi o Humanorama.

“Diversidade é condição essencial para inovação”
Em pleno século XXI, ainda existem pessoas que pensam que investir em diversidade e inclusão é algum tipo de esmola, filantropia ou processo de caridade. O que elas aparentemente não sabem, e pesquisas recentes comprovam, é que empresas que investem em diversidade de gênero em suas equipes executivas são 21% mais propensas a ter lucratividade acima da média do que as demais.

Com relação à diversidade étnica e cultural, os dados indicam 35% de probabilidade de desempenho superior. Profissionais e ambientes plurais trazem um maior número de visões de mundo, percepções e riquezas culturais ou sociais. O que resulta em soluções eficientes. Investir na inclusão é investir na produtividade, desempenho e satisfação de todos.

Jornalista e atriz, Sandra Annenberg ocupa locais de destaque no jornalismo brasileiro e também foi destaque no Rock in Rio Humanorama batendo um papo com Maria Gal, e Viviane Elias Moreira. “Eu nasci feminista, desde a barriga da minha mãe – primeira mulher ‘desquitada’. Tive que viver a vida toda tendo que provar que sou capaz.”

Sandra, que já ocupou a cadeira de editora chefe do Jornal Hoje, chamou atenção para práticas relacionadas à equidade de gênero em cargos de chefia apenas em datas como o Dia Internacional da Mulher: “na primeira bancada feminina do JN, eu estava lá. Quando uma mulher chegou lá, todos acharam estranho. Quando duas chegaram lá, houve questionamentos. Foi em dias 8 de março. Mas isso não pode ocorrer somente nesta data”.

A empresária, atriz e apresentadora Maria Gal falou sobre letramento racial e ressaltou que a invisibilidade da população preta em posições de destaque é cruel, porque acaba com sonhos de liderar e produzir. A empresária, que também é palestrante, complementou: “Eu vejo que é extremamente importante que as pessoas olhem pro lado e questionem: quantos negros trabalham comigo? Questionem, inclusive, os CEO’s. Porque, de fato, é de cima pra baixo.”

“Metaverso, neurociência e o impacto no que somos e sentimos”
A neurocientista Carla Tieppo e a filósofa Anna Flavia Ribeiro bateram um papo sobre o que há por trás da fina camada da tendência que cobre o metaverso. Quais os impactos do metaverso e do universo virtual na nossa vivência como humanos? Carla apresentou insights sobre como o nosso cérebro se comporta diante de uma realidade diferente e Anna forneceu reflexões filosóficas sobre o ser e estar em duas dimensões ao mesmo tempo.

Para a Dra. Tieppo, o ser humano já alcançou o limite estético de sua exposição. Então o próximo nível dessa escalada, seria o metaverso. “Estamos no limite da estética. Fazemos 40 cirurgias… Depois usamos 40 filtros… E então? Passamos a usar um avatar para nos representar“.

Como fica a relação de amor, lealdade, companheirismo, em uma relação em que você não sabe quem é o outro? A gente acha que o metaverso é um avanço só tecnológico, mas ele é extremamente emocional.”, provocou Ribeiro.

“Que narrativa você quer criar pro seu mundo?”
Enquanto crianças, somos curiosos e tudo que fazemos é explorar para conhecer. Ao interagirmos com o outro, sempre existe uma inovação para adicionarmos ao nosso repertório em constante crescimento. Infelizmente, a maioria dessas criaturas disruptivas e com sede de conhecimento vai se tornar adultos inflexíveis e cheios de certezas. Isso influencia diretamente a nossa capacidade de entender o mundo e criar a nossa narrativa de mundo.

Um povo com conhecimento limitado vai construir uma narrativa do mundo amordaçante e silenciadora que nos localiza como estáticos e não em eterna mudança. Em um papo com Cynthia Martins e Guilherme Terreri, Marcelo Tas falou sobre a necessidade de se encontrar e se perder e sobre esse processo inconclusivo e constante que é viver. E como isso influencia nas narrativas de mundo que criamos e perpetuamos. Tas finalizou com um lembrete importante sobre o elemento crucial nesse processo. “Existe uma força em você reconhecer a fragilidade, é a coragem“.

“A cultura como software atualizador de futuros”
O mundo está revendo seu software cultural coletivo. A cultura pode ser um facilitador conectando as vozes de transformação. Como as marcas participam desse diálogo? Nesta conversa, Denise Chaer e Fernanda Paiva falaram sobre as motivações e desafios da criação da Nave Instalação Imersiva, projeto concebido em parceria entre Rock in Rio e Natura, com um convite de ação para embarcamos no futuro que queremos viver.

Aprendemos nesses encontros que não andamos sós. Nosso papel é abrir espaço para as pessoas conversarem, se comunicarem… Abrir espaço para elas colocarem as suas criatividades“, compartilhou Chaer.

“Uma conversa sobre pluralidade e prosperidade”
Prosperidade é o estado ou qualidade do que é próspero: bem-sucedido, feliz e afortunado. O que caracteriza a prosperidade é a condição de constante desenvolvimento e progresso de determinada situação. A partir dessa definição, Samuel Souza, Grazi Mendes, Raul Juste Lores e Raquel Virginia se uniram em busca de respostas para a questão: existe prosperidade sem pluralidade?

Para Samuel Souza, prosperidade é acompanhada por responsabilidade. “Nós que estamos aqui temos uma responsabilidade muito grande por quem não tem a possibilidade de se pensar o que está sendo discutido neste evento”. E continuou, “a gente está em um espaço de muito privilégio, tendo a possibilidade de parar e poder se perguntar sobre essas coisas. A grande maioria da população está pensando no que vai comer no almoço Nós que estamos aqui temos que pensar como agentes transformadores para essa galera que está preocupada com questões básicas”.

“A educação como revolução e o resgate do Humano”
Nunca tivemos um tempo onde precisássemos tanto discutir a educação como agora. E não a educação como conhecemos, mas aquela capaz de gerar revoluções. Descobrir propósitos, levantar bandeiras, criar movimentos relevantes e marcantes. O mundo precisa despertar para essa importante ferramenta de transformação da humanidade como a conhecemos e essa foi a tônica da conversa entre Flavio Tavares, Sonia Lesse e Bianca Ramos.

Flávio Tavares, fundador da Upper, relembrou que precisamos sair da inércia para mudar a sociedade e a educação está relacionada à jornada de cada um e ao acúmulo de experiências. “No fundo todo mundo quer ser relevante, ser alguém que quer ser lembrado. Não é sobre a empresa ou o título que tive. O que importa são as histórias que meus filhos contarão para os meus netos quando eu não estiver mais aqui“.

“A melhor viagem que você pode fazer na vida é a viagem para dentro. É a viagem de seguir, com coragem, seu coração. É encarar quem, de fato, você é”, complementou Bianca Ramos, Head de Felicidade na Cazulo – Educação Corporativa.

Para Sônia Lesse, CEO da SL Transformare Consultoria, precisamos ressignificar as discussões sobre o sistema educacional brasileiro, com um olhar de diversidade e contra a intolerância, ou vamos alcançar o limite de definir quem vai pertencer e quem vai ficar fora. “Quando a gente fala de propósito, a gente também multiplica socialmente os nossos viéses cognitivos. Daí a gente rotula pessoas de acordo com que consideramos louvável ou não”.

“Consumo e estilo de vida: como fazer escolhas melhores e mais sustentáveis”
Que tal comprar a ideia de um estilo de vida e consumo mais consciente? O nosso tempo na Terra é suficiente para deixarmos marcas – boas e ruins. Sem a intenção de alimentar a culpa ou sensação de impotência, refletir sobre o que consumimos e sobre o que descartamos – imagine isso multiplicado por quase 8 bilhões de pessoas no mundo hoje – é mais do que importante: o futuro do nosso planeta depende disso.

Em um papo com Paulinho Moreira, Mariana Moraes e Mariana Rico, Marcela Porto, diretora de comunicação e marca da Suzano, fez uma importante provocação “Enquanto pessoas físicas, precisamos avaliar nossos consumos. Enquanto pessoa jurídica, as origens dos produtos que trabalhamos. Não existe bioeconomia sem o bioconsumidor. Esse é um caminho de encontro”.

“Como deve ser o seu “eu do futuro” humano?, por HSM”
Como as tecnologias exponenciais estão nos transformando? E de que forma isso vai afetar o profissional que somos, em ambiente de trabalho cada vez mais digitais? Ana Carnaúba, head da universidade corporativa da Deloitte, se juntou a Gabriel Romão, Arthur Rufino e Angélica Mari, para conversas sobre como o nosso ser humano nos diferenciará de máquinas em um futuro cada vez mais próximo e distópico.

Se somos 8 bilhões de pessoas, somos 8 bilhões de possibilidades de futuro. Se eu puder desaprender pra dar espaço, é o que eu quero fazer por esse eu do futuro. O único futuro possível é aquele que eu possa levar mais gente comigo e que mais pessoas possam me considerar nesse lugar“, afirmou Carnaúba.

“Economia Circular – Solução para um planeta mais sustentável”
Não se trata mais de uma era de mudanças, estamos falando de uma mudança de era. Precisamos de uma nova economia, que avalie o processo produtivo, que mude do descartável para o durável, que possa consertar, compartilhar, que provoque uma redefinição de valores, atitudes e comportamentos. Não é uma mudança só na indústria, é uma mudança também na sociedade, dos governos para que possamos ter um ambiente regenerado e não destruído. Praticar economia circular não porque simplesmente é mais eficiente, pois ser eficiente não é mais suficiente, temos que fazer de forma diferente.

O responsável pelos projetos e processos de responsabilidade social da Gerdau, Paulo Boneff; a Diretora de Sustentabilidade da Heineken Brasil, Ornella Villardo, e a fundadora do Hub de Economia Circular do Brasil e da Exchange 4 Change Brasil, Beatriz Luz, participaram do painel falando sobre soluções sustentáveis para o futuro.

A mensagem que ficou desse encontro foi uníssona: praticar economia circular não porque simplesmente é mais eficiente (pois ser eficiente não é mais suficiente), temos que fazer de forma diferente.

“Como incluir capitalismo, sustentabilidade e ESG na mesma frase”
Se, no começo do século passado, a poluição gerada pelas fábricas era sinal de sucesso, hoje significa má gestão dos recursos. Colecionar bem materiais já foi sinal de status. Hoje, o minimalismo é o caminho para a manutenção da vida no planeta. A verdade é que o capitalismo – do jeito que hoje o vivemos – já não responde às urgências do mundo. E já se discutem maneiras de solucionar – ou pelo menos mitigar – esse panorama.

Qual é vantagem competitiva trazida por empresas que têm a sustentabilidade no core de sua atuação, e como elas podem responder de maneira mais ágil à preferência da geração atual por companhias que dão clareza sobre sua estratégia ESG e que têm um pensamento sistêmico de cadeia. Parece complexo, mas foi essa a pauta discutida por Ernesto Paglia, Gustavo Cerbasi, Tamara Braga e Djalma Scartezini

“Vocês estão me dizendo aqui que é bacana políticas inclusivas e a sociedade perceber que existe um mercado interessante, um consumo relacionado a essas questões, essas preocupações de governança, meio ambiente e sociedade. Mas nada disso é suficiente porque precisamos modificar não apenas a empresa, não apenas o mercado, o produto. Precisamos modificar, pelo que estou entendendo, a sociedade”, provocou Paglia.

Você consegue acessar os demais painéis do Humanorama nas redes sociais do Learning Village e do próprio festival.

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