3 visões sobre o futuro da educação
A aceleração dos movimentos de transformação digital já exerce impactos claros nos modelos de educação, treinamento e desenvolvimento. Entre a evolução de devices, mudanças de comportamento dos alunos e o avanço de tecnologias exponenciais, o surgimento de novos caminhos de aprendizado tem aberto oportunidades para edtechs em diversas frentes de atuação. A seguir, três CEOs de startups residentes do Learning Village respondem três perguntas cruciais para o futuro do setor.
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Leandro Souza, educador, empreendedor e investidor-anjo. Fundador da How Bootcamps: “Os próximos anos serão divertidos para o setor da educação”.
A educação tradicional acabou?
Não acredito que acabou. Porém, será preciso se reinventar. A educação tradicional não evoluiu no mesmo ritmo que o universo do trabalho, principalmente num mundo de startups e de organizações em transformação digital, em que as demandas de skills são digitais e práticas. Porém, já existem diversos projetos de instituições formais que estão avançados em uso de diversas tecnologias e metodologias mais contemporâneas. Os próximos anos serão divertidos para o setor da educação.
Qual é a principal tendência mapeada entre os educadores e empreendedores de educação?
Depende muito da área dentro do setor. Por exemplo, quando se fala em ensino básico, as possibilidades de personalização de ensino são incríveis. Já em educação para o trabalho, o foco no diploma desaparece; os alunos passam a receber nanocertificados por habilidades adquiridas de maneira mais rápida em cursos curtos e isso muda o jogo pensando em graduação e pós-graduação. Mas, para citar uma tendência única, acredito na transformação digital como um todo da educação, ou seja, o uso mais constante de tecnologias exponenciais como Inteligência Artificial e Ciência de Dados e o mais importante: a centralização nas pessoas.
Que lições o setor educacional tirou da pandemia?
A principal é que o sistema educacional se transforma em redes que incluem aprendizado online, com ou sem participação presencial, com as instituições educacionais se convertendo em centros de experimentação e convivência no pós-pandemia. Ou seja, será preciso continuar investindo em tecnologia, mas o mais importante é a criação de uma cultura de uso de tecnologia com metodologias educacionais mais flexíveis, que permitam o aprender independentemente de onde o aluno esteja. A educação formal penou um tanto mais para se adaptar, mas está caminhando para tal. Se compararmos com o mundo do teletrabalho, a adaptação foi bem mais rápida e, até de certa forma, natural, pois já se utilizavam diversas ferramentas.
A inteligência artificial tem tudo para ajudar os estudantes com ensino personalizado e de qualidade. Você acha que no Brasil demorará quanto tempo para isso ser realidade na rede pública?
É difícil determinar um tempo em um país que ainda é refém de problemas mais básicos. Parece que andamos em círculos e acabamos perdendo diversas oportunidades de se fazer algo grande e concreto na educação. Acredito que a única forma do Brasil resolver seus problemas educacionais é investindo pesadamente em tecnologia. A tecnologia permite escala, algo fundamental em um país do tamanho do nosso. E a IA em conjunto com diversas outras tecnologias exponenciais permite isso. Portanto, quanto mais cedo investirmos de fato, mais cedo chegaremos em um ótimo patamar de desenvolvimento.
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Rawlinson Peter Terrabuio, cofounder e CEO da BEETOOLS, cofounder e CSO da BEENOCULUS, cofounder da Junglebee, administrador de empresas, filósofo, empreendedor serial com vasta experiência (e prêmios) no setor da tecnologia da informação e comunicação: “Continuaremos tendo professores que irão valorizar mais a experiência e o comportamento, a convivência e a colaboração, porque é através dela que a humanidade evolui”.
A educação tradicional acabou?Filosoficamente, educação é fazer um ser humano passar da potência ao ato, da virtualidade à realidade, eduzir seu pleno potencial através da instrução. A educação tradicional passa por transformações, mas muito da tradição se mantém, como contar histórias, ler histórias… O que temos hoje são tecnologias exponenciais que nos permitem transmitir conhecimento com maior qualidade, em menor tempo, para mais pessoas, através de novas mídias, ao mesmo tempo em que conseguimos medir o impacto desse processo em cada indivíduo. A educação expositiva, que exige que o indivíduo aprenda coisas de que não gosta e com as quais não tem a menor afinidade e vocação, que avalia pela média, que aplica provas e premia aqueles que tem melhor memória, totalmente instrucionista, essa sim acabou!
Qual é a principal tendência mapeada entre os educadores e empreendedores de educação?
A principal tendência é que a inteligência artificial guiará cada ser humano em um processo educacional que conseguirá entregar conhecimento sob medida, eduzir toda a potência vocacional do indivíduo a um custo extremamente baixo, dando assim oportunidades a todos. E continuaremos tendo professores e mestres humanos que irão valorizar mais a experiência e o comportamento, a convivência e a colaboração, porque é através dela que a humanidade evolui.
Que lições o setor educacional tirou da pandemia?
O setor teve um despertar para o potencial de algumas tecnologias, e está produzindo melhoria incremental no modelo obsoleto. Mas o setor ainda não enxerga todo o potencial de transformação que inexoravelmente está por vir.
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Fabiana Murer, CEO da Voxall, educadora física com MBA em Gestão, empresária por mais de 20 anos no setor de saúde e bem-estar: “Não consigo imaginar o Brasil se desenvolvendo de forma saudável sem levarmos a educação para todos. Mas, quando vemos iniciativas como a do Learning Village e todo Ecossistema que está em torno do tema, vivemos a esperança de um país melhor”.
A educação tradicional acabou?
Não, mas acreditamos que estamos passando por um período de grande transição e a adaptação constante ao uso da tecnologia e inovação se faz necessário.
Qual é a principal tendência mapeada entre os educadores e empreendedores de educação?
O ensino híbrido já é uma realidade e esta tendência deverá continuar. Além disso, os professores tradicionais de sala de aula serão gradativamente substituídos por assistentes de voz ou virtuais 3D. Assim os professores serão mais mentores acionados em momentos específicos da jornada de aprendizagem.
Que lições o setor educacional tirou da pandemia?
De que é preciso adotar novas metodologias e plataformas baseadas em tecnologias inovadoras constantemente e estar preparado para eventos disruptivos. Infelizmente o setor educacional não estava pronto para a pandemia e as escolas públicas foram as mais prejudicadas.
A inteligência artificial, segundo o expert Alexandre Nascimento, vai ajudar os estudantes a terem ensino personalizado e com qualidade. Você acha que no Brasil demorará quanto tempo para isso ser realidade também na rede pública?
Muitos e muitos anos, entre 15 e 25.